segunda-feira, 21 de maio de 2012

REALIDADE E FICÇÃO O que podemos conhecer? E de que forma podemos distinguir o que é real e o que não é real? Para respondermos essas duas perguntas um interessante caminho é nos voltarmos para a proposta empirista. Até que ponto nossos sentidos são, de fato, confiáveis para gerar conhecimento? Tais dados dos sentidos que um dado indivíduo possui são passíveis de experimento público ou são residentes e pertencentes de modo absolutamente privado ao ente que experiencia? Quando falamos em dados dos sentidos estamos nos referindo àquilo de que o sujeito tem consciência, quer isso corresponda a algo existente no mundo, quer não. Podemos dizer que nossos cinco sentidos nos colocam em relação às coisas que estão fora de nossa mente/cérebro ou de nossa representação mental - construída pelos processos internos do cérebro ou apenas ali depositada. Mas a representação enquanto tal é, para alguns autores, inegável para o sujeito que a possui. Para outros estaremos presos aos nossos próprios estados mentais de modo a termos apenas uma aposta de que o que existe em nível mental/cerebral corresponda ao objeto “lá fora”. Temos dois modos de adquirir conhecimento, direto ou indireto (por familiaridade e descrição aos moldes de Russell). A forma direta é quando entramos em contato com algum objeto e obtemos suas informações através dos sentidos, e a forma indireta quando recebemos informações de terceiros (neste caso por descrição) ou inferimos ou construímos objetos logicamente. Inferir objetos é mais fácil, porém ao mesmo tempo mais perigoso. Por exemplo: ao vermos uma luz vindo em nossa direção dentro de um túnel, e acompanhada de um ruído muito alto, inferimos que é um trem que está vindo em nossa direção, o que provavelmente seja. Mas à medida que a luz se aproxima você percebe que era apenas seu amigo brincando com você. Veja bem, construímos o trem a partir luzes e sons que nossos sentidos captavam, e mesmo assim erramos. Um jeito mais seguro, já dizia Russell, seria construir objetos logicamente, ou seja, temos informação disponível e até de sobra sobre o objeto e por isso podemos construir logicamente outro (esse processo de construção lógica, não consegue se reproduzir em nenhum exemplo “real”, pois não temos quaisquer coisas no mundo com tanta informação) por isso dizemos ser consequência lógica, ela não precisa se remeter a algo existente no mundo, mas sim apenas a algo derivado. Para nos auxiliar na tentativa de distinguir realidade e ficção apontamos três critérios: (1) o critério de estabilidade dos dados dos sentidos; (2) o critério da melhor explicação, e (3) o critério de grau de estabilidade. Esses critérios são úteis, porém provisórios e falíveis, não podem resolver completamente o problema de distinguir realidade e ficção, pois esse problema pode envolver também questões metafísicas. Para podermos melhor discutir indicamos o livro do professor Luiz Henrique Dutra Introdução à Epistemologia em seu segundo capítulo. O Problema do Conhecimento Conhecer certamente é uma das palavras que perpassa direta ou transversalmente os mais diversos discursos acerca das coisas. Infelizmente, muitos dos discursos ditos filosóficos e/ou científicos usam termos correlatos ao Problema do Conhecimento de modo extremamente despreocupado. Em nível de Filosofia da Mente essa despreocupação pode causar sérios problemas na base dos argumentos que se apresentam como resolventes das inquietações deste âmbito. A princípio, grosso modo falando, a própria Filosofia da Mente, hodiernamente, centra grande parte de sua reflexão na análise epistemológica. Mental-cerebral, consciência, inteligência natural e artificial são temas diretamente ligados e que dependem estritamente do esclarecimento de questões como i) O que é o conhecimento? ii) O que devo fazer para conhecer? iii) o que podemos conhecer? O conhecimento pode ser encarado como uma habilidade que um determinado ente possui, por exemplo, “Garrincha conhecia arte do drible”. Pode ser visto também como uma categoria cognitiva, “O cavalo sabe quem é seu dono”. Todavia, parece que o entendimento do conhecimento em nível proposicional é que vai, num primeiro momento, se tornar o foco de atenção preferido da maioria dos filósofos. Ou seja, o que se deseja é (a) apresentar as condições de mérito para que algo possa ser aceito como conhecimento; (b) ter evidências razoáveis para uma dada justificação epistêmica. Lembrando da clássica Definição Tri-Partite de Platão, o que se deseja é demonstrar as condições necessárias e suficientes para que um dado sujeito S saiba que P se e somente se: i) S crê que P; ii) S está justificado ao crer que P; iii) P é Verdadeira. A todos mais um bom ano de boas e ferrenhas discussões

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